Segundo o pesquisador Gledes Alcalá, no Domingo de Páscoa, 18 de abril de 1954, Americana foi o palco das mais imponentes festas em homenagem à Virgem Imaculada, ocasião em que a cidade ainda fazia parte da Diocese de Campinas e nosso Bispo Diocesano era Dom Paulo de Tarso Campos.
Americana era uma pequena e pacata cidade de operários, contudo 20 mil pessoas se acotovelaram pelas ruas para homenagear a imagem da Imaculada. Segundo Alcalá foi um evento religioso apoteótico e ficou registrado para sempre na memória e na história de Americana como o maior acontecimento religioso e mais importante de todos os tempos.
O pároco de nossa Matriz de Santo Antonio era o então Cônego Nazareno Magi e a Nova Matriz estava em seu 4º ano de construção, com o contra-piso rústico, a escadaria recém construída e as paredes com cerca de 1 metro de altura. A Diocese de Campinas preparou a grande peregrinação da imagem para comemorar o 1º centenário da Proclamação do Dogma da Imaculada Conceição. A população americanense “arregaçou as mangas” e preparou uma das mais belas, talvez a mais magnífica homenagem à Nossa Senhora que se tem notícia.
A Imagem chegou na tarde do Domingo de Páscoa e no início da Avenida da Saudade uma multidão de gente e autoridades esperavam-na próximo ao Cemitério. Lá estavam a sua Excelência Reverendíssima Dom Paulo de Tarso Campos, bispo de Campinas, o Senhor Jorge Arbix, prefeito municipal de Americana, Senhor Nicolau João Abdalla, presidente da Câmara, Cônego Nazareno Magi, outros religiosos e autoridades. Segundo estudos de Alcalá, o grande cortejo com a bela Imagem percorreu a Avenida da Saudade, Rua Carioba, Avenida Dr. Antonio Lobo, Rua Washington Luiz, chegando à escadaria da Nova Matriz. Por todo o trajeto foi aplaudida e homenageada com vivas e rojões. Sua chegada à Matriz foi com deslumbrantes aplausos, vivas e cânticos marianos sempre acompanhados pela Banda Musical formada pelo Cônego Magi.
A Imagem foi conduzida à grande Igreja Matriz Nova que ficou pequena para tanta gente. A igreja em construção estava iluminada e a imagem foi depositada em um rico altar muito bem adornado com muitas flores doadas dos jardins das casas e ao fundo um rosário feito com lâmpadas acesas. Estavam presente muitas autoridades, além do Tiro de Guerra, associações religiosas e alunos das escolas.
O acontecimento majestoso foi noticiado pelos jornais da época: “A Tribuna” de Campinas e o jornal local que noticiaram a inesquecível cerimônia em 3 publicações consecutivas. A mídia considerou o acontecimento único e jamais visto. Foi uma avalanche humana que viu maravilhada uma cerimônia preparada com tanto esmero pelo insubstituível Cônego Nazareno Magi que comemoramos em 2012 o centenário de seu nascimento.
Há mais de 58 anos o laborioso povo de Americana, de uma maneira magistral, homenageou sua Rainha e Padroeira Diocesana.
Uma missa foi celebrada e para o povo todo ouvir foram instalados muitos alto-falantes. Foi recitado o Terço de Nossa Senhora, o cântico popular e conhecido “A Treze de Maio” podia ser ouvido a quarteirões de distância e a oração do terço foi entremeada com o cântico “Ave, Ave Maria”, e logo após o Senhor Bispo fez um pronunciamento emocionante e comovente ao ver a fé de nosso povo. Somente os desprovidos de sentimentos não se emocionavam, relataram os jornalistas e registros em atas históricas da Pia União das Filhas de Maria da Paróquia Santo Antonio.
Afirmou no pronunciamento emocionado de Dom Paulo: “Americana está sendo nesta noite o pórtico triunfal da peregrinação da Virgem Imaculada pela Diocese afora”, disse que sentia uma imensa alegria que lhe invadia a alma em presenciar aquela maravilhosa recepção. Disse ainda, “a finalidade da visita da Virgem Imaculada, não é pedir, mas sim distribuir o amor de suas graças”.
O Senhor Bispo entregou primeiramente ao povo de Americana a Imagem da Imaculada e depois iria percorrer todas as cidades da Diocese, retornando à Catedral no dia 8 de dezembro, Festa da Imaculada. Segundo os documentos consultados pelo Alcalá, a cerimônia precisou ser realizada no Hipódromo de Campinas.
Após a cerimônia da missa e do terço, a Imagem foi conduzida em uma festiva procissão percorrendo a Rua Vieira Bueno até a Igreja Matriz Velha, sendo colocada no Altar Mór (altar que hoje consta no acervo do museu do Casarão) e lá permaneceu em um trono ricamente decorado até na 5ª feira. Foram 4 dias e 4 noites onde as portas da igreja permaneceram sempre abertas. As equipes e associações se revezavam nas orações e cânticos marianos.
Foi um grande acontecimento religioso que a população fez em honra a Nossa Senhora; certamente foi a ocasião do povo reavivar sua fé e demonstrar seu lado cristão.
A grandiosa cerimônia, o espetáculo de fé do americanense se repetiu na tarde de 5ª feira, durante a despedida da Imagem, onde ela retornou em procissão com milhares de pessoas, sendo conduzida até a Nova Matriz onde foi celebrada a Missa solene e cantada, depois a população com aceno de adeus e cânticos festivos se despediu da Imagem da Virgem Imaculada, que partiu deixando atrás de si um rastro de luz que dificilmente será cancelado ou apagado da história religiosa de nossa cidade. Ela foi conduzida em um cortejo com centenas de carros até a cidade de Nova Odessa, igualmente recebida pelo povo católico com grande pompa.
Diz Gledes Alcalá que todos os relatos nos dão conta que existem espetáculos de fé tão grandiosos e brilhantes que são difíceis de serem escritos com fidelidade.
No mês de abril de 1954 Americana escreveu a mais linda página de amor à Mãe de Deus. São por estes belos momentos da história que nos fazem orgulhosos de nossa terra.
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